O Governo do Irã já executou dois cidadãos envolvidos com as manifestações de protesto contra fraude eleitoral na reeleição do ultraconservador presidente Mamhoud Ahmadinejad e promete mais nove execuções para os próximos dias.
É cruel. É bárbaro. É grotesco. É inconcebível. É inaceitável. É infame. É repulsivo.
Uma das primeiras noções de justiça a que os homens chegaram, em tempos imemoriais, foi a do olho por olho, dente por dente.
E, ao longo dos séculos, consagrou-se o entendimento de que só crimes capitais devem ser punidos com a pena capital.
Mais recentemente, os cidadãos de países realmente civilizados abandonaram até mesmo este pretexto para assassinarem legalmente seus semelhantes.
Alguém perguntará: a Justiça dos EUA não é civilizada?
Respondo: quanto a isto, não. De jeito nenhum!
Permanece ancorada na mentalidade vingativa e autoritária, bem ao estilo de uma nação moldada por fanáticos religiosos que a Inglaterra expeliu por não suportar mais sua intolerância.
Marx estava certo, a trajetória da humanidade é uma marcha para a civilização, à qual vamos penosamente ascendendo degrau por degrau, a despeito dos retrocessos transitórios.
Regimes fundamentalistas não passam de excrescências medievais num mundo que se tornou capitalista e, hoje, enfrenta o desafio de trocar a primazia do lucro pela do atendimento das necessidades humanas ou perecer.
Encaram governos como expressão de desígnios superiores, daí punirem com a morte quem os tenta derrubar, porque ofenderam a divindade.
O crime imputado aos 11 foi exatamente este: o de "inimigos de Deus".
É um problema de cultura? Devemos respeitar o primitivismo, deixar que os povos atrasados se trucidem à vontade? Se os indigenas ainda praticassem o canibalismo, o certo seria cruzarmos os braços enquanto eles se banqueteassem com os inimigos derrotados?
O pior é que nem de longe existe unanimidade no Irã. Muitos resistem -- e nos fazem lembrar os estudantes responsáveis pelas passeatas do 1968 brasileiro! As execuções estão servindo para os intimidar.
Israel e os EUA municiam a oposição a Ahmadinejad? Provavelmente, sim.
Mas, daí a concluirmos que o governo por ela formado seria subserviente a ambos vai uma grande distância.
Os franceses também apoiaram os estadunidenses na luta pela independência (para atingir os interesses de seus inimigos ingleses), mas, nem por isso, o governo resultante foi capacho da França.
Salta aos olhos que quem está nas ruas do Irã encarando a morte de peito aberto, o faz por idealismo. São esses os nossos iguais, não os déspotas e os carrascos.
Revolucionários não podem compactuar com essas execuções, crimes hediondos, pois estarão atirando no próprio pé: quem corre mais risco do que nós, de ser executado por tentar derrubar governos?
A rua é sempre de duas mãos. O que Ahmadinejad faz hoje inspirará os Pinochets de amanhã.
É cruel. É bárbaro. É grotesco. É inconcebível. É inaceitável. É infame. É repulsivo.
Uma das primeiras noções de justiça a que os homens chegaram, em tempos imemoriais, foi a do olho por olho, dente por dente.
E, ao longo dos séculos, consagrou-se o entendimento de que só crimes capitais devem ser punidos com a pena capital.
Mais recentemente, os cidadãos de países realmente civilizados abandonaram até mesmo este pretexto para assassinarem legalmente seus semelhantes.
Alguém perguntará: a Justiça dos EUA não é civilizada?
Respondo: quanto a isto, não. De jeito nenhum!
Permanece ancorada na mentalidade vingativa e autoritária, bem ao estilo de uma nação moldada por fanáticos religiosos que a Inglaterra expeliu por não suportar mais sua intolerância.
Marx estava certo, a trajetória da humanidade é uma marcha para a civilização, à qual vamos penosamente ascendendo degrau por degrau, a despeito dos retrocessos transitórios.
Regimes fundamentalistas não passam de excrescências medievais num mundo que se tornou capitalista e, hoje, enfrenta o desafio de trocar a primazia do lucro pela do atendimento das necessidades humanas ou perecer.
Encaram governos como expressão de desígnios superiores, daí punirem com a morte quem os tenta derrubar, porque ofenderam a divindade.
O crime imputado aos 11 foi exatamente este: o de "inimigos de Deus".
É um problema de cultura? Devemos respeitar o primitivismo, deixar que os povos atrasados se trucidem à vontade? Se os indigenas ainda praticassem o canibalismo, o certo seria cruzarmos os braços enquanto eles se banqueteassem com os inimigos derrotados?
O pior é que nem de longe existe unanimidade no Irã. Muitos resistem -- e nos fazem lembrar os estudantes responsáveis pelas passeatas do 1968 brasileiro! As execuções estão servindo para os intimidar.
Israel e os EUA municiam a oposição a Ahmadinejad? Provavelmente, sim.
Mas, daí a concluirmos que o governo por ela formado seria subserviente a ambos vai uma grande distância.
Os franceses também apoiaram os estadunidenses na luta pela independência (para atingir os interesses de seus inimigos ingleses), mas, nem por isso, o governo resultante foi capacho da França.
Salta aos olhos que quem está nas ruas do Irã encarando a morte de peito aberto, o faz por idealismo. São esses os nossos iguais, não os déspotas e os carrascos.
Revolucionários não podem compactuar com essas execuções, crimes hediondos, pois estarão atirando no próprio pé: quem corre mais risco do que nós, de ser executado por tentar derrubar governos?
A rua é sempre de duas mãos. O que Ahmadinejad faz hoje inspirará os Pinochets de amanhã.
FONTE: Náufrago da Utopia
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