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sábado, 27 de março de 2010

Fwd: "Tornar-se gay é como aprender a fumar"

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From: edson barrus
Date: 2010/3/19
Subject: "Tornar-se gay é como aprender a fumar"
To:


"Tornar-se gay é como aprender a fumar"


CAMPALA (UGANDA) – Abaixo (e no post seguinte), está a íntegra de minha entrevista com David Bahati, deputado do partido governista em Uganda, autor de um projeto de lei que tem grandes chances de ser aprovado e prevê a criminalização da homossexualidade (leia post anterior).
Uma parte já saiu numa reportagem minha na Folha de S. Paulo, mas aqui segue toda a conversa que tive com ele na semana passada.
Uma das penas previstas, para "homossexuais seriais", é pena de morte. Também pede morte para o gay que tiver relação sexual com um menor de 18 anos ou deficiente físico.
Bahati não é apenas um radical isolado. Sua posição é sintomática de um fenômeno que cresce na África, o da homofobia. Leia e tire suas conclusões.
NA ÁFRICA - Por que a família tradicional de Uganda está sob ameaça?
DAVID BAHATI - Nossa tradição diz que a família é chefiada por um homem e uma mulher. Se nós não protegermos isso, há o perigo de termos famílias chefiadas por dois homens, ou duas mulheres. Temos nossos valores. Isso não inclui a homossexualidade. Nós acreditamos que a pessoa não nasce com isso. É algo que é aprendido, e tudo que é aprendido pode ser "desaprendido". É como aprender a fumar. Eventualmente, se torna um vício. As pessoas aprendem a abusar das drogas.
NA ÁFRICA - O sr. está dizendo que as pessoas ficam viciadas em homossexualidade?
BAHATI - As pessoas aprendem [a serem gays] e ficam viciadas nisso.
NA ÁFRICA - E é possível "desaprender" a ser homossexual?
BAHATI - Elas podem "desaprender", podem ser curadas.

NA ÁFRICA - O sr. diz isso baseado em quê?
BAHATI - Há muita evidência disso. Há cientistas que estudaram isso.
NA ÁFRICA - O sr. pode citar um?
BAHATI - Há um sueco, que investiu muito dinheiro no estudo disso. Mas há outro ponto: se você é homossexual, você tem três vezes mais chances de contrair HIV do que um ser humano normal.
NA ÁFRICA - Quem diz isso?
BAHATI - Pesquisas sobre a Aids. Além disso, a homossexualidade pode reduzir a expectativa de vida em quase 20 anos. Você pode destruir seu reto. Alguns precisam usar fraldas, como crianças.
NA ÁFRICA - O sr. também tem evidência científica disso?
BAHATI - Há evidência abundante. Você pode pesquisar em qualquer boa biblioteca, na internet.
NA ÁFRICA - O sr. pode me dar o nome de um cientista?
BAHATI - Posso te mandar depois. Não tenho aqui agora.
NA ÁFRICA - A vida sexual não deveria ser uma questão privada?
BAHATI - Em Uganda, há uma tendência que ameaça nossas crianças. Vemos pessoas usando dinheiro para recrutar crianças em escolas e promover uma agenda de homossexualidade. Qualquer sexo entre homem e homem não é sexo, é abuso do sexo.
NA ÁFRICA - Muitos países avançados vivem bem tendo gays, como EUA, Canadá, países europeus. A sociedade deles não parece ameaçada. Por que seria diferente em Uganda?
BAHATI - Não é certo que o tecido moral dos EUA, Reino Unido ou África do Sul esteja bem. Não está. Foi totalmente destruído.
NA ÁFRICA - Por quê?
BAHATI - Se o homem se desvia do caminho para o qual Deus o criou, há algo de errado. Deus nos criou para nos casarmos e para a procriação.
Escrito por Fábio Zanini às 13h34
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16/03/2010

Um "glossário" do que é ser gay

CAMPALA (UGANDA) – Há alguns anos, folheando o "Diário Oficial" em Brasília (leitura obrigatória para repórteres de política), achei um decreto deliciosamente representativo do ponto a que pode chegar a burocracia estatal.
Uma norma do Ministério da Agricultura do Brasil padronizando a produção de caipirinha, para efeitos comerciais. E que estabelecia inclusive seu preparo. Não são as palavras exatas, mas o decreto dizia algo na linha: "caipirinha é o nome da bebida produzida a partir da mistura de dois limões cortados, meia dose de aguardente, gelo de preferência picado e duas colheres de açúcar. Pode-se substituir o açúcar por adoçante".
Uganda conseguiu superar nosso decreto da caipirinha. Um projeto de lei que está em discussão no Parlamento daquele pequeno país no centro do continente africano procura definir o que são relações sexuais e o que é homossexualidade.
Como vou explicar num post seguinte, as definições são o ponto de partida para algo sinistro: uma tentativa de criminalizar quem é homossexual, prevendo prisão perpétua e até pena de morte para os "infratores". É de obra de um deputado chamado David Bahati (o sujeito abaixo, na foto que fiz numa sala do Parlamento de Uganda), do partido governista, e que tem grande chance de virar lei ainda nesse semestre.
Mas isso é para depois. Por enquanto, tentemos nos divertir um pouco com o ridículo da coisa toda.
No artigo 1º, é listado um glossário. Alguns exemplos do texto do projeto de lei (está tudo lá de forma literal, não inventei nada):
-"bissexual": pessoa que é sexualmente atraída pelos gêneros masculino e feminino;
-"gay": pessoa do sexo masculino que se envolve em intimidade sexual com outra pessoa do mesmo sexo
-"homossexual": pessoa que se envolve ou tenta se envolver em atividade sexual com pessoa do mesmo gênero
-"homossexualidade": ato sexual dentro mesmo sexo ou do mesmo gênero
-"lésbica": pessoa do sexo feminino que se envolve em intimidade sexual com outra pessoa do sexo feminino.
-"ato sexual". Inclui:
a-) atividade física sexual que não necessariamente culmina em intercurso e pode incluir tocar o peito, vagina, pênis ou anus de outra pessoa;
b-) estímulo ou penetração da vagina ou boca ou anus ou outra parte do corpo de qualquer pessoa, ainda que de maneira leve, por um órgão sexual
-"órgão sexual": significa vagina, pênis ou qualquer objeto sexual artificial.
Gostou? Tem mais. No artigo 2, define-se o que é "o crime" da homossexualidade:
"Uma pessoa comete o crime da homossexualidade se:
a-) penetra o ânus ou a boca de uma outra pessoa do mesmo sexo com seu pênis ou outro objeto sexual artificial;
b-) ele ou ela utiliza algum objeto para penetrar ou estimular o órgão sexual de uma pessoa do mesmo sexo;
c-) ele ou ela toca outra pessoa com a intenção de cometer o ato de homossexualidade."
Primeiro, é preciso perguntar se esse tipo de detalhamento é preciso estar mencionado em lei. Seria apenas um quadro do "Casseta e Planeta" se não servisse a um propósito sinistro. Sobre isso, falo no próximo texto.
Escrito por Fábio Zanini às 16h49
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